sábado, 29 de novembro de 2014

Minhas promessas não foram falsas, talvez precipitadas

Conhecer um novo lugar é se permitir entrar em novos mundos, de uma maneira poética e um tanto exagerada também é vislumbrar novas galáxias, tantas são as cores que saltam aos olhos e cheiros que despertam desejos, sons e tons que são capazes de fazer o cérebro entrar em transe durante os primeiros passos que adentram aquele espaço desconhecido.

Pode ser uma praia, uma montanha, um deserto, uma cachoeira, uma cidade histórica ou um simples bar. Desta vez foi um bar. Lugar pequeno, aconchegante, colorido, música bem baixinha, cardápio com textura, pizza saborosa, suco geladinho, café com conhaque e o melhor chantilly do mundo.

Por todos os lados pessoas. Nenhuma meramente parecida com a outra. Ou com outras pessoas de outros lugares. Um lugar único frequentado por pessoas únicas talvez? Ou não. Eu que sempre fui muito igual em todos os lugares iguais que sempre frequentei. Mas ali tudo era diferente. As conversas, os sorrisos, as vestes, os semblantes. Tudo, desde as paredes coloridas e com desenhos "psicodélicos" até os cães que certa hora da noite deram o ar da graça por entre as mesas do local, faziam me sentir em outro planeta. Não o meu. Não meu Planeta Terra tão conhecido. Eu estava em outra dimensão. E no meio de tudo aquilo que me era estranho eu também me senti estranho, diferente. Por alguns momentos deixei de ser igual.

Ao me voltar para a conversa despretensiosa que rolava na nossa mesa, ao focar aqueles  olhos  e aqueles sorrisos que brilhavam bem ali na minha frente, eu me sentia grato pelo simples fato de estar desfrutando da maior dádiva que a vida pode oferecer a uma alma cansada: a companhia sincera de bons amigos. Eu me sentia feliz sem motivo específico. Me sentia feliz por estar partilhando de um momento em que os bons sentimentos eram partilhados sem medida e sem restrição. Tudo naquele instante cheirava a café recém passado com uma pitada de canela e uma dose exagerada de sorrisos.

Sei que sempre que escrevo sobre algo bacana nos meus dias eu insisto de destacar os sorrisos. Mas é assim que funciona comigo. Quando estou bem eu vejo sorrisos por toda parte. Vejo sorrisos nos lábios, vejo sorrisos nos olhares, nos gestos e nos sabores e nos perfumes. Vejo sorrisos iguais aqueles que vi um dia quando fiz mil promessas de um futuro bom. Mais de mil promessas. Foram um milhão no total. Um milhão de promessas de um futuro bom e de um amor que jamais acabaria.

Hoje é também com um sorriso no rosto que eu consigo perceber que minhas promessas não foram falsas, talvez precipitadas.



terça-feira, 25 de novembro de 2014

Ela tem mil facas e parece não cansar de me acertar

Como um trem que insiste em passar pela velha e abandonada estação de uma cidadezinha perdida no meio do nada, em horários absurdos, as vezes as 10 da manhã duma quinta-feira de sol, ou as 5 da tarde num sábado angustiante, outras vezes as 15 pra meia noite da segunda-ferira monótona e de total apatia, assim sem aviso, sem ser esperada, ela resolve aparecer.

Por mais que eu tente me enganar, as coisas não vão lá muito bem, é uma luta diária pra tentar colocar tudo em ordem. Sentimentos sendo domados e empurrados à força pra dentro de grades feitas de medo, que nada mais é senão o mais resistente dos materiais capaz de aprisionar sentimentos tão fortes. Pensamentos anestesiados por doses cavalares de angústia e ansiedade, corpo, coração, mente e alma resignados ao seu destino.

Então ela aparece.

O trem chega com todo seu barulho, fumaça e confusão.

Sei que não é por mal. Eu sei. Não há maldade, não há intenção de machucar, mesmo quando se tem certeza que vai causar dor, confusão e sofrimento.

Também sei que é inevitável.

Pra ela e pra mim.

Ela precisa se sentir perto de alguma forma, manter contato, ainda não está pronta pra seguir em frente, pra aceitar que cometeu o maior erro da sua vida e tentar consertar tudo ou deixar partir.

Eu, bem, eu não sei de nada mais nessa vida, ao menos não no meio dessa confusão toda.

Nesse momento ela é um trem desgovernado que vaga à milhares de km por hora sem rumo, cruzando à todo vapor por trilhos perigosos, passando por vales desolados, cordilheiras abismais, desertos áridos e cidadezinhas abandonadas perdidas no meio do nada, cenários vazios que não alimentam sua alma e nem matam sua sede de sentido e que ao menor descuido podem causar um desastre de proporções terríveis. Em seu movimento furioso, ela é um enorme perigo, pra si mesma, pra quem cruzar seu caminho, pra mim também, sendo ou não sua parada final, sua última estação, seu ponto de chegada.

Entre as tantas vezes que esse trem passa feito relâmpago pela velha e abandonada estação encrustada no fundo da minha alma, eu me sinto num picadeiro de circo, amarrado ao alvo que gira, enquanto ela lança suas facas afiadas tentando a sorte de cortar as cordas que nos prendem um ao outro, ou ao que ela julga estar mantendo nossos corações tão longe.

Ela abre os olhos e joga as facas.

Eu fecho os olhos e sinto minha carne ser cortada.

Ela tem mil facas e parece não cansar de me acertar.



domingo, 23 de novembro de 2014

Levando-se em conta que no começo tudo era escuridão, parece-me que a luz está vencendo

Vai garota, segue em frente. Segue em frente e enfrente. Não faça como antes. Não fique a vigiar o passado. Continua. Respira e levanta a cabeça. Abre teus olhos. Mas abre de verdade e enxerga que na tua frente são vários os caminhos a seguir.

O passado é apenas um caminho no qual você não pode mais caminhar garota. Então levanta daí. O chão não é teu lugar. Tua alma é altiva demais pra rastejar. Sacode o pó garota que te pesa os dias e anda.

Teus passos são elegantes, então aproveita esse dom e desfila, faz da vida tua passarela. Tu atrai olhares por onde passa. Aproveita esses olhares, mesmo que tu não os retribua, faz deles tua força, infla teu ego. Não é muito, mas um ego inflado pode fazer voar. E quando os passos pesam isso ajuda. Vai lá, confia em mim, já usei essa tática e sei que funciona. Só não te prende a isso por tempo demais, é pra ser apenas uma muleta, não te abastece por muito tempo apenas de ego ou dessas tantas coisas de prazer fácil mas perecível.

E quando aprender a andar novamente, bela e confiante, com os olhos no horizonte, não esquece de abrir sorrisos.

Sorri garota pro sol que se poem, pra borboleta que roça as asas nas tuas costas, pobre borboleta que confunde o desenho da tua pele com uma flor de verdade, ela sente ainda doçura em ti, abre sorrisos garota aos bichanos que te chamam atenção com latidos alegres ou miadas tímidas, mas não esquece também de sorrir a toda gente que te olha nos olhos e te reconhece como uma alma sedenta de afeto.

Abre sorrisos a quem te sorrir, com os lábios, com os olhos, com o coração ou a alma.

Sorri garota.

Teu sorriso é o mais encantador que já vi.

E então entende garota.

Entende como eu estou entendendo agora.

Eu já consigo ver.

Logo você também vai ver garota, só mais um pouco de tempo e uma pitada de fé.

Você vai ver e vai entender garota que no começo tudo era escuridão. Mas agora a luz está vencendo.


sábado, 22 de novembro de 2014

Antes de construir a felicidade certifique-se que tem tudo o que precisa.

Meu tio avô, que assim como meu avô e todos os seus irmãos eu acho, era marceneiro, tinha uma caixinha de ferramentes em seu galpão de trabalho, e quando a gente precisava de alguma coisa podia ir até lá e pegar. Mas "ái de quem" não devolvesse uma ferramenta ou tivesse a infelicidade de bagunçar a sua tão bem organizada caixa de ferramentas de trabalho. Lembro muito bem que o "tio Cirilo" tinha um cuidado imenso com suas ferramentas, era um zelo que demostrava carinho e respeito por aqueles objetos que faziam parte do seu dia a dia e ajudavam no sustento da casa.

Ao pensar nisso me dei conta em que chega um dia em que a gente
se depara com a seguinte situação: Você tem todas as ferramentas para ser feliz. Todas mesmo, não lhe falta nada, nem as ferramentas e nem o material pra construir a felicidade.

Dentro da sua caixinha de ferramentas que levou tantos anos pra ficar assim tão completa e bem cuidada  está uma dose generosa de saúde, item indispensável pra começar qualquer projeto, inteligência em quantidade suficiente pra gerir o andamento da coisa, boa vontade pra fazer acontecer, coragem pra enfrentar as dificuldades, ousadia pras mudanças necessárias durante o processo, uma boa parte de resiliência ainda não usada para todos os recomeços necessários. Ainda tem ali, bem a mão pra ser usado toda vez que for preciso, um tiquim de carisma e até um certo charme, um sorriso fácil, bom humor, sede de coisas novas e um pacote cheio de sonhos e desejos.

Na caixinha de ferramentas também tem os materiais obrigatórios de proteção, pois sabe-se que nenhuma obra importante pode ter início sem a segurança estar em dia. Fé, esperança e otimismo garantem o bem estar durante a construção da felicidade. Armado com esse itens indispensáveis não há risco de acidentes graves.

Tem alguma coisa faltando né? Algo muito importante por sinal.

Como projetar, alicerçar e construir felicidade sem fundamentar tudo isso sobre o amor?

Mas amor não falta, nunca faltou. Sempre foi elemento constante e abundante. E amor do bom, raro por sinal, de excelente qualidade. O que faltou foi saber usar. Por ser o amor algo que não vem com manual de instruções e que tem um funcionamento tão pessoal que não pode ser ensinado de uma pessoa pra outra, ele foi erroneamente aplicado, por vezes de forma exagerada quando se precisava doses pequenas e com menos intensidade, ou quando carecia de quantidades abundantes o amor disponível era pouco e de fraca consistência.

Amor mal usado, mal aplicado, amor em medidas e proporções erradas. Amor despejado em lugares onde não devia. Capaz de estragar qualquer receita, até a da felicidade.

Mas com o passar do tempo vai somando-se a caixinha de ferramentas do "projeto felicidade" a experiência. Tantos fracassos deixam lições e lições se transformam em experiências. E a experiência torna-se a chave de tudo.

Quando chegar o mento certo, a combinação de todas essas ferramentas, todos esses materiais e a utilização da experiência em dosar tudo isso com medidas certas de amor, então estará construída uma felicidade resistente, duradora e completa.


terça-feira, 18 de novembro de 2014

Os Demônios que eu criei para mim mesmo

_"Existe sempre um evento em nossas vidas que é responsável pelo fato de termos parado de progredir. Um trauma, uma derrota especialmente amarga, uma desilusão amorosa, termina fazendo com que nos acovardemos, e não sigamos adiante"._

Mesmo o mais corajoso dos Guerreiros passa por isso. Chega uma hora na vida em que a gente trava. Alguma coisa nos paralisa. E dar o próximo passo é aterrorizante.

Alguns se amarram ao passado, outros se encarceram no presente e ainda tem quem se prenda a um futuro de ilusões e expectativas.

O Guerreiro que durante toda a vida travou corajosamente o Bom Combate, com o mundo e consigo mesmo, lutou e conquistou seus sonhos, depois de grandes realizações se senta em sua tenda na calmaria dos dias e vê todas as suas conquistas virarem pó. As suas grandes vitórias no campo de batalha, antes tão entusiasmadamente comemoradas por ele e por seus companheiros de batalha, agora não fazem mais sentido, perderam o sabor. Suas grandes paixões já não queimam no peito. Seus grandes amores viraram apenas uma nuvem de fumaça que agora deixa turvo os caminhos ao seu coração.

O Guerreiro está sentado no silêncio da sua tenda. Ele tem várias decisões a tomar. A mais difícil delas é essa: Decidir ou não decidir? É isso que o atormenta. Ele percebe que a sua armadura tão bem forjada ao longo doas anos com fé, esperança e amor já não lhe serve mais, talvez por ter ficado pequena, ou por ele ter diminuído a ponto de perder pelo caminho aquilo que lhe tornava tão invulnerável.

E sem sua armadura  o Guerreiro se sente desencorajado. Sem sua armadura o Guerreiro se sente desprotegido. Sem coragem pra decidir se decide ou não. Coragem pra dar os passos necessário se decidir ir em frente. O Guerreiro sabe o quanto custa começar um novo caminho, o quanto é necessário reunir forças, treinar a mente e o corpo e alimentar o espírito para se preparar  para uma nova e longa jornada. Mas também não tem coragem de não decidir, pois sabe o que significa desistir a essa altura do caminho. Tudo o que lhe bastou até agora - conquistas, vitórias, troféus, paixões e amores - não é suficiente para mante-lo firme pelo caminho e tão pouco capaz de dar a paz de espírito que o Guerreiro precisa para se acomodar ao fundo de sua tenta e viver ali seus dias em contemplação.

Lhe falta fé e coragem para prosseguir. Lhe falta fé e coragem para ficar.

Mesmo depois de tantos anos na batalha, tantos anos de Bom Combate, o Guerreiro não sabe onde está a resposta que precisa. Se está dentro da sua tenda, ali no silêncio dos seus dias, ou se a resposta está lá fora no mundo que lhe oferece vários caminhos.

Assim o Guerreiro passa seus dias convivendo com os Demônios que criou para si mesmo.


sexta-feira, 14 de novembro de 2014

E então garota, me conta agora quanto vale a sorte de uma amor tranquilo?

Havia essa garota que andava perdida. Ela sabia muito bem onde estava afinal era dona de si mesma. Rica, bem sucedida, linda e sexy, charmosa e elegante. Mas estava perdida. Perdida no passado. Perdida no presente. Perdida no futuro.

Ela caminhava com passos bem decididos. Mas ia pra lugar nenhum. Seu olhar nunca se mantinha por muito tempo no horizonte, desviava os olhos de pouco em pouco pra trás, olhava por sobre o ombro e o que ela via ali a deixava confusa. Confusa. Era assim que ela andava e era isso que a deixava perdida. Ela era uma garota confusa. Confundia as coisas. Confundia os sentimentos. Confundia os valores. Mas ela continuava a andar mesmo perdida e mesmo confusa.

Enquanto seguia seus passos pra lugar algum a garota espalhava sua confusão.

Um dia no meio do caminho a garota encontrou a sorte de um amor tranquilo. Ele estava ali, como se a estivesse esperando a vida toda.

 A garota em toda sua confusão confundiu aquele amor com que o que já tivera no passado, pois não soube diferenciar  o que via do que o que já tinha visto, o que sentia do que já tinha sentido, pois ela tinha que olhar por sobre o ombro e se certificar que o passado ainda estava ali. Ela usou sua balança de valores ao invés de usar seu coração. Aquele amor verdadeiro pesava muito menos que o ouro que ela tivera no passado.

Fazendo isso a garota confusa deixou o amor de lado e partiu em busca do passado.

A garota continuou andando, confusa e perdida, foi ao encontro do passado e do que ela sentia que podeira lhe fazer feliz. Ela encontrou o passado e com ele o ouro que ela julgava poder comprar a felicidade. Ela não precisava mais olhar pra trás. O passado estava caminhando ao seu lado agora.

Mas chegou um momento em que a garota confusa se deparou com o presente e pode perceber que todo aquele ouro não comprava sorrisos, nem paz e jamais daria a ela a sorte de um amor tranquilo.

A garota perdida estava agora mais perdida. A garota confusa estava agora mais confusa. Ela tinha ouro. Mas queria o amor. Mas essa troca nunca fora possível. No mercado dos sentimentos verdadeiros e da felicidade duradoura o ouro não compra a sorte de um amor tranquilo.

O passado a deixava confusa. O presente a deixa perdida. E o futuro garota? Do futuro ela não sabe o que quer. Na verdade ela apenas está confusa e perdida. A garota sabe o que quer do futuro. O que ela ainda não sabe é o quanto vale a sorte de um amor tranquilo.




quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Eu sou tão feio, mas tudo bem, você também é

Hoje voltando do trabalho pra casa, tempo cinza e chuviscando, estado de espírito "so down", ligo o rádio e duas músicas na sequencia me fiazem pensar em um milhão de coisas durante os 25 minutos do trajeto. Escolhi como título um pedaço da música do Nirvana pois é por esse assunto que pretendo começar. Vou terminar com uma canção do Oasis.

I'm so ugly, but that's okay, 'cause so are you - Eu sou tão feio, mas tudo bem, você também é.

Já li várias vezes e ouvi em muitas oportunidades que nós, seres humanos, somos um "projeto que deu errado". Cara, será isso mesmo? Será verdade "sapoha toda"?

Esse questão é profunda e filosófica. Mas ao mesmo tempo é tão simplista quanto uma lista de compras do supermercado.

Eu sou feio, mas tudo bem, porque você também é. Assim posso justificar as coisas feias dentro de mim pelo simples fato de saber que você também carrega uma enormidade de feiuras aí dentro.

A mesma mão que é capaz de ajudar a levantar e fazer um afago de carinho, capaz de apontar um caminho mais suave e com menos espinhos, também é capaz de bater a porta na sua cara por um motivo bobo. A mesma alma que acusa a outra de a estar machucando e magoando, fazendo acusações e cobranças repetitivas, está fazendo exatamente isso. Está machucando e magoando pelo simples fato de se sentir assim. 

Eu sou feio, mas tudo bem, você também é. Você é feio, por isso eu também sou. Precisa motivo melhor pro cara dar um tiro na cabeça e explodir os miolos? Talvez se o Kurt no auge das suas crises de depressão tivesse chegado a outra conclusão, se ele tivesse visto e sentido o ser humano de outra forma?  Eu sou bonito, pois você também é. Você é bonito, então também posso ser. 

Tudo isso é filosofia barata eu sei, mas num dia cinza e todo errado como hoje, quando coisas que a gente não sabe entender acontecem e se repetem a gente começa a ver "Como eu sou feio por dentro e sinto tanta coisa feia, mas tudo bem porque sei que você sente o mesmo, talvez coisas piores"

Hoje percebi o poder do reflexo na vida. Senti coisas feias. Me senti feio. Senti que você também é tão feio como eu. Por bater a porta na minha cara. Por eu ter sido magoado e estar magoando. 

No final somos todos feios, porque refletimos o que somos nos outros.

Mas aí vem a música seguinte. 

Don't look back in anger - Não olhe pra trás com raiva.

O caminho pode ser esse. Pra corrigir nossa "feiura" talvez baste não olhar pra trás com raiva. Saber reconhecer com gratidão se foi auxiliado em algum momento, jamais negar a mãe estendida se lhe for pedido ajuda novamente. Saber perdoar se foi magoado, com ou sem intenção. 

Se a vida te permitir desatar os nós do passado não exite, faça isso, porque essa é a melhor forma de pisar no futuro, com um passo firme, sem nada te amarrando lá atrás.

Sim, eu sou feio, você também é! Somos humanos. Mas temos a capacidade de perdoar e seguir em frente. 

Temos a capacidade de Não Olhar Pra Trás Com Raiva.



terça-feira, 11 de novembro de 2014

Se for pra beijar que seja um BEIJÃO!!!!!

_ Boa noite! Beijinhos com carinho! _

_ Beijinhos não!!!!! Beijões então. Eu não dou beijinho. Se for pra beijar, que seja um BEIJÃO!!!!! _

A cabeça encosta no travesseiro e automaticamente surge um sorriso gigantesco no rosto.

E aí o cara lembra que tem gente que saboreia a vida como se fosse uma gostosa sobremesa, com uma colher bem grande e sem medo de se lambuzar. Se da conta que essa é a forma certa de se viver. Que nada substitui a leveza de um sorriso gostoso ou até mesmo uma gargalhada desavergonhada. Aquelas que chama atenção de todos ao redor. E que escrita soa bem assim "kkkkkkkk". São 8 ks. É uma gostosa gargalhada até de se ler.

Tem o tipo de gente também que é companhia sempre boa. Sem querer ser. Simplesmente é. Ta ali. Ta do teu lado. Sabe ser agradável. É leve. E solta. É livre. Um ar inteligente. Um sorrisinho sempre ali. Sabe dar conselhos sem exigir retorno. Te olha e te fala. Sempre com ternura. E ainda fica bem de suspensório.

Tem o tipo de gente que é despreocupação pura. Nunca vi e nem percebi traço algum de preocupação afetar aquele semblante. A cara da tranquilidade. Inabalável. Astúcia e uma boa dose se malandragem fazem com que desfilar pelo bar e espalhar aquele charme que até agora não decifrei pareça a coisa mais natural do mundo. E é natural.

Tem gente desligada. Tem gente que você precisa explicar 3 vezes e ainda assim acaba desconfiando que não entendeu. Mas não é "lezura", é só baixa rotação mesmo. Mas entende com o coração. Aparenta dureza. Mas é apenas uma carapuça muito bem forjada.

Tem gente que é grande. Que tem o coração grande. A alma é grande também. Gigante bondoso. Não faz mal nem pra animalzinho, nem se quer da uma mordidinha neles. Hehehe...Tem gente enorme de sorriso enorme e enorme capacidade de transparecer bons sentimentos.

E tem também eu, que ando convivendo com todo esse tipo de gente e pouco a pouco pegando um pouquinho de cada coisas boa que eles tão generosamente oferecem.

Então nada mais de beijinhos, fica bem!

Se for pra beijar que seja um BEIJÃO!!!!!




segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Cantar, que bom quando é pra ti!!!!!

Era domingo e o parque estava lotado - de gente, de sorrisos, de sol, de céu azul e de música boa -. No alto falante a loirinha dos cabelos cacheados cantava com sua doce voz uma música antiga que todos ali sabiam acompanhar _ "Cantar (cantar...) Que bom quando é pra ti Ver teu sorriso Também me faz sorrir". 

Os amigos estirados sobre a esteira de palha se deliciavam num coquetel de chimarrão, salgadinhos, balas e pipoca doce. O clima era agradável. A sensação era de paz. Eles não percebiam, mas aquilo era um presente, uma dádiva de Deus. A calmaria do ambiente, dos corações e das almas era contagiante.

Uma mistura infindável de cores, estilos e sabores. Se algum cientista dedicado a estudar sobre as diferenças do ser humano estivesse trabalhando naquele domingo naquele parque teria muito material para analisar ao fim do dia. Quantas raças, quantas graças, quantos crenças. Quantas diferenças. Diferenças que iam desde a cor até o valor. Das almas e dos bolsos. Mas principalmente quantas igualdades. Igualdades nos bons sentimentos, na boa fé, nas boas esperanças que só aquele caleidoscópio de sol com céu azul e verde das árvores e da grama e o branco daqueles sorrisos podia fazer gritar sentidos.

Então a loirinha dos cabelos cacheados que tá lá longe no palco resolve impactar um coração em meio aquela multidão toda, e faz à capela mesmo, como se cantasse para uma única alma, a canção que pra ele sempre traduziu tudo o que um amor em seu estado mais puro quer e pode ser _ Não te trago ouro Porque ele não entra no céu E nenhuma riqueza deste mundo 
Não te trago flores Porque elas secam e caem ao chão
Te trago os meus versos simples
Mas que fiz de coração
Apenas por um segundo ele foi transportado pra longe. Apenas por um segundo não havia mais uma multidão ao seu redor. Apenas por um segundo ele pronunciou essas palavras em voz alta. E por apenas um segundo ela ouviu e compreendeu o que ele quis dizer.
O sol começou a sua viagem pra casa, as sombras foram crescendo, o calor se transformando em uma gelada brisa. Todos se despedem. Um beijo de carinho. Um abraço de até logo. Novos encontros marcados. 
O parque que antes pulsava de vida e risos agora é silêncio. Tal qual como a vida. Mas amanhã o sol volta e com ele as cores e o calor e os sorrisos.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Da varanda eles reviviam seu amor

O casal de velhos seguia o ritual de final de tarde.

Era assim que acontecia nos últimos vinte anos ou mais.

Sentavam-se na varanda da pequena casa, cada qual em sua cadeira de balanço, bem juntinhos, o suficiente para segurarem a mão um do outro e de vez em quando alcançar um beijo carinhoso na testa.

Os olhos miravam o por do sol. A cada centímetro que o sol descia em direção a noite sobressaltava sobre o coração dos velhos uma lembrança. Elas vinham quase sempre em ordem. Coração, mente e alma dos dois naquela altura da vida estavam em tamanha sintonia que pareciam sentir e se lembrar do mesmo e ao mesmo instante.

Prova disso era a troca de olhares furtivos e sorrisos algumas vezes maliciosos, quando sabiam eles, a lembrança provocava sensações agradáveis ao coração e ao corpo. Do mesmo modo, determinada altura do sol sobre o crepúsculo, lançava uma sombra sobre o casal. Talvez fosse a lembrança do dia em que ela, ainda lá no começo, há mais de 50 anos passados, decidiu que não era amor e que não valia a pena lutar. Logo depois a expressão de angústia era substituída por um semblante de alívio e agradecimento, quado ambos recordavam que não fora o fim, mas apenas um novo começo, e que tudo o que tinha ocorrida tinha uma razão. O amor as vezes precisa ser botado a prova. O deles tinha passado no teste. Tudo o que o velho tinha feito não havia sido em vão. O amor prevalecera. Pelo simples fato de ser amor.

Ali sentados em suas cadeiras de balanço, o casal de idosos revivia os momentos que marcaram sua vida a dois.

Como ela entrou na sua vida, a primeira vez q se viram, o começo do namoro. O final superado. A volta celebrada. E as conquistas, as vitórias, as viagens. E então a família. Não fora planejado, mas fora muito bem vindo. Uma menina. Dois anos depois um garoto.

Os velhos amantes, agora de mão dadas, lembravam com maior carinho dessa época, As crianças pequenas, correndo pela casa, enchendo o ar de alegria, risos e amor. A velha particularmente nesse momento recorda de uma promessa feita há mais de 50 anos, quando numa noite de sábado, parados em uma esquina em meio a abraços cheios de saudade, beijos sofridos e sentimentos contraditórios, afinal nenhum dos dois, apesar de tanto desejarem por aquilo, julgaram que aquele momento pudesse novamente acontecer. O velho - que na época era apenas um rapaz - lhe disse: _"o que eu tenho pra lhe oferecer é isso, todos os dias quando você chegar em casa cansada do trabalho, vai encontrar nossos filhos correndo pela casa, sorrindo e brincando, vai me ver ali cuidando deles, cuidando de você...então você vai saber o que é O AMOR"_. A senhora de cabelos brancos nunca deixou seu companheiro perceber, mas sempre nesse momento uma lágrima lhe foge dos olhos. Sim, o velho cumpriu sua promessa. Ela aprendeu o que era amor através dele, de seu carinho e sua dedicação para com ela e a família, os filhos e tudo o que dizia respeito a vida dos dois.

As lembranças se seguem conforme passa o tempo e o sol vai dando lugar a lua. Tudo o que fora vivido até ali é passado a limpo, não como alguém que faz uma auditoria na vida em busca de falhas. Mas como um leitor que é apaixonado por uma história e mesmo sabendo de cor e salteado cada palavra sente prazer em reler o livro, pois sabe que toda nova leitura trás consigo novas emoções.

O casal de velhos segue esse ritual a tanto tempo porque esse ato, essa tradição os faz bem. Passam os dia e as noites a conversar, amam fazer isso e o tem feito por toda vida juntos. Mas o por do sol para os dois é silêncio, é contemplação, é oração de agradecimento em honra a uma linda história vivida.

Nessa noite, quando a lua deu as caras, o velho levantou primeiro, gentilmente como um cavalheiro que sempre fora, ofereceu o braço a esposa, a conduziu até a sua poltrona preferida diante da tv, lhe deu um doce beijo na testa e com aquele sorriso que sempre lhe fez espremer os olhos disse: _Hoje a janta é por minha conta meu doce amor!_


quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Um breve conto sobre um futuro pronto!!!

Sabe qual é a nossa principal diferença?

Daqui há alguns anos, quando nos encontrarmos na rua, no shopping ou em algum barzinho perdido pela cidade,  sozinhos ou acompanhados, você vai olhar pra mim e vai pensar _ essa pessoa me amou um dia_. Eu vou olhar pra você e pensar _ essa foi a pessoa que eu mais amei na vida. Vamos virar as costas e seguir nosso caminho fingindo que nada aconteceu.

Mas sabe qual vai ser a grande diferença a partir desse momento? 

Eu vou recordar todos os bons momentos, relembrar a batalha que travei contigo e comigo mesmo para que desse certo, para que fossemos felizes. Um sorriso nos meus lábios vai selar a certeza que eu fiz o possível, não me acovardei diante da maior benção da vida que é o amor.  Meus passos serão suaves e sem remorsos e quando chegar ao meu destino serei recebido com um sorriso, um abraço aconchegante e a certeza de um lar baseado no amor.

Você vai virar as costas bruscamente, sentindo um gosto amargo nos lábios, resultado de dúvidas, angústias e incertezas, todas elas geradas pelo mesmo medo que te fez me perder. Medo que te fez ser incapaz de dizer sim, de aceitar a enxergar que o amor estava ali na sua frente implorando pra reinar em sua vida. Você vai fugir dali. Seus passos serão acompanhados de lágrimas até o seu destino e lá será recebido por um olhar vazio e duro que fará você preferir mil vezes apenas a solidão de um apartamento ricamente decorado.

Esses não são desejos macabros de uma alma ferida. Este é apenas um CONTO sobre futuros promissores.

E não, não se preocupe, não estou escrevendo sobre você, este conto foi escrito por outras mãos há muito tempo para mim mesmo.


segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Obrigado por me fazer andar

A vida nos força a caminhar mesmo quando teimamos em ficar parados. Na verdade é essa a hora que a vida mais insiste em movimento e nem adianta se agarrar ao passado, que por mais pesado que seja, não vai conseguir te manter preso por muito tempo no lugar. A vida sabe também ser brusca pra te fazer andar. "_sempre em frente_" grita a vida com voz autoritária. Ela não está querendo ser sua amiga e nem se importa em ser delicada. A vida quer que você ande. Não faz diferença se você está machucado, cansado, desanimado ou quase morto. "Quase morto" ainda não é morto de verdade pra vida, e também não adianta fingir, afinal de contas quem mais saberia que você está vivo senão a vida?

Se está vivo então ande, caminhe e tenha pressa. Ficar parado não!!!! Fazer corpo mole menos ainda. A vida, mandona como ela só, odeia corpo mole. Se ela perceber qualquer indício que você está fingindo, ela te derruba, pisa na sua cara, te faz sentir o gosto amargo da terra. Aí te força a levantar e e continuar caminhando. Ela continua gritando no seu ouvido suas palavras de ordem favoritas: _vamos, o mundo não para de girar pra você se recompor_.

Nesse ponto a vida parece malvada, dura, insensível. Chega um ponto que ela até mesmo parece brutal. O que não se percebe é que a vida já foi suave, já foi tranquila, já foi sua amiga e até parceira. Mas você parou, estagnou, afundou. Agora um cafuné te faria dormir. você precisa é de um bom empurrão e quem sabe não mereça uns cascudos? 

A vida está sendo mãe agora. Não a mãezona que te serve um refresco e um sanduba maneiro num fim de tarde de verão. Ela está sendo aquela mãe que acorda as 3 da madrugada pra te dar xarope quando a tosse está te matando. O xarope é amargo, você não quer tomar. Mas ela sabe que vai te fazer bem. Se for preciso vai abrir sua boca a força e te fazer engolir. Não é por mal. É só porque você precisa disso pra melhorar, acordar bem de manhã e voltar a caminhar.

Então amanhece com sol, você se sente melhor, respira fundo e segura na mão da vida. Ela não precisa mais te forçar a caminhar. Agora você da passos ao lado dela e consegue olhar pro sol e sentir de novo seu calor. 

É hora de olhar no fundo dos olhos da vida e agradecer. _obrigado por me fazer andar_


sábado, 1 de novembro de 2014

Um banho quente pra curar a alma...

A confusão ta grande aqui, sabe? São pensamentos no coração, sentimentos na cabeça, de vez em quando tem até um ou outro passeando pelo estômago. Da pra imaginar o que um pensamento ou um sentimento querem passeando por ai? Ainda mais no estômago. Lá eles causam embrulho, não é lugar deles. Já não basta espantarem a lucidez da cabeça e encherem o coração de angustia e ansiedade? Mas não, eles querem é descontrolar o corpo todo. To te falando isso porque sei que você sente o mesmo, ou já sentiu alguma vez na vida, quem sabe não sentiu isso ontem a noite?
E são muitos silêncios. Muitas perguntas. Algumas feitas e respondidas. Algumas apenas se calaram. Não foram feitas promessas. Nem uma sequer. Ansiava muito por promessas. Não podiam ser feitas eu sei, mas eu esperava de coração por elas. Promessas de que vai dar certo, de que vai ser amor, de que será um recomeço, de que realmente terá um recomeço. Precisava de promessas. Promessas que o fantasma sumiria, que o passado seria morto e enterrado. Promessas que o tempo passaria rápido, que a dor sumiria. Queria promessas pra construir esperanças sobre coisas solidas. As promessas não vieram, não havia lugar pra elas. 
Que bagunça em? Como o vento forte de fim de tarde de chuva, aquele vento que vira o guarda-chuva do avesso e te da um banho que te gela todos os ossos. E você chega em casa preocupado com o resfriado que vai pegar. Mas aí entra no banho quente e esquece todos os problemas do dia, todas as frustrações da alma e todas as angustias do coração.

O banho gelado eu já tomei. Confesso que fiquei com febre, gripe das fortes mesmo, me derrubou, abateu e me fez questionar. Mas continuo aqui. Continuo. Não porque você me prometeu um banho quente, pois não houve promessas, mas porque preciso de calor pra me curar. E eu sei que você ainda tem esses calor dentro de si.