sexta-feira, 29 de maio de 2015

O amor vai te machucar

O amor vai te machucar. Isso é inevitável. Uma hora ou outra o amor vai te machucar e isso vai doer muito mais do que você imagina e muito além do que você está preparado para suportar. Mas acredite quando eu digo que isso é inevitável. Você não está e nem estará preparado para suportar o que vem pela frente. Isso acontece porque antes de machucar, o amor te desarma. Antes de te levar à lona o amor te leva às nuvens. Antes de ser o seu inferno o amor será o seu paraíso.

São infinitas as formas do amor ser cruel. E ele será cruel no momento em que você mais precisa dele. E essa necessidade toda vem do próprio amor, que usa de seu poder para te tornar dependente. O amor é ardiloso. Tem mil e um truques e todos eles com um único objetivo: te fazer baixar a guarda. Quando você acha que o amor já faz parte da sua vida, que ele chegou pra mudar seu destino e que amar passou a ser parte de você e algo natural em sua existência, como respirar, então ele entra em ação.

O amor vai torcer seu pescoço e deixar aquele nó na garganta. O amor vai fazer suas pernas tremerem e suas mão suarem. O amor vai inundar seus dias de ansiedade e te afogar em angústia. Tudo isso antes mesmo de você se dar conta que todos os seus planos, aqueles que deram tanto trabalho para serem planejados, e todos os seus sonhos, aqueles que deram tanto trabalho para serem sonhados, porque é difícil planejar a dois e é difícil sonhar a dois, tudo isso se desmanchou, se perdeu, deixou de fazer sentido. E isso dói. Isso é cruel.

E então as perguntas surgem. Você vai se questionar por noites e mais noites se o tempo que o amor foi bom com você valeu tanta dor assim. Valeu? Invariavelmente a resposta vai ser: NÃO. Por melhor que tenha sido aquele amor. Por mais intenso que tenha sido aquele amor. Por mais feliz que aquele amor tenha feito você. NÃO. A resposta é NÃO. Isso porque a matemática do amor e da dor são muito claras. É matematicamente exponencial, ou seja, pegue tudo de bom que o amor fez por você e multiplique muitas vezes. Essa vai ser a dor que o amor vai causar no final e por muito tempo além.

Mas não liga pra mim. Não acredita nessas palavras. São apenas palavras amarguradas de quem teve o coração partido. Certamente você já ouviu falar que o tempo cura tudo não é? Pois pra mim não curou. Ao menos 01 ano não foi suficiente pra mim. Mas sério, esquece essas palavras. Elas não farão sentido algum para você, ao menos até que o seu coração seja partido e o amor mostre sua crueldade. Só ai então você vai perceber que o amor vai te machucar. Mas não se preocupe. Se a dor é inevitável, o amor também é.


terça-feira, 14 de abril de 2015

"Que se perder seja o melhor caminho"

Somos pré-programados para acertar. Desde criança a torcida é pelo acerto, nas brincadeiras, nos jogos, tarefas do colégio e afazeres de casa. Se acertamos, somos recompensados, com sorrisos, boas notas, quem sabe até uma mesada e principalmente, a aprovação dos outros, seja do coleguinha, da professora, dos pais ou até mesmo um sentimento de auto-aprovação. Aí que mora o perigo. Não que isso seja algo ruim, pelo contrário, buscar o acerto é sempre bem vindo, e colher os frutos deste acerto através da aprovação e recompensas nada mais é do que uma certa justiça. O problema é condicionar a felicidade ou realização pessoal ao acerto. Sempre o acerto, sempre a vitória, sempre o sucesso. E então não aprendemos a lidar com a derrota, com o fracasso, com o desacerto e insucesso. Daí surgem grandes males que serão refletidos e ampliados no futuro.

Um jovem adulto que nunca aprendeu com os erros, {e aqui é importante salientar que mesmo errando, e todos erram uma hora ou outra, algumas crianças são tão protegidas e mimadas que quando isso acontece, os pais tomam as dores e negam aos pequenos a chance de tirar uma lição disso}, se torna um ser frustrado diante da realidade que o aguarda fora da sua rede de proteção. Sair de casa, abrir mão da zona de conforto, mudar de cidade, encara um desafio se tornam uma decisão quase impossível pra quem nunca teve a oportunidade de reverter uma situação difícil, pra quem nunca teve uma experiência pessoal de superação. E quando mesmo contra todos esses fatores o jovem decide sair de casa, se vê desprovido de toda e qualquer ferramenta pra lidar com o dia a dia. Seja nos estudos, no trabalho, nos relacionamentos afetivos ou profissionais, todas as dificuldades são novidades, cada empecilho se torna muito maior de que deveria e as decisões erradas, por pura falta de experiência e auto-conhecimento, provocam estragos maiores do que se tivessem acontecido lá na infância, quando os erros não refletem tanto na carreira, na vida pessoal e nem em relacionamentos, podendo colocar ponto final em carreiras promissoras, em futuros casamentos felizes ou ainda em uma vida de paz e harmonia interior. Frustração pessoal é algo que pode incomodar por muitos anos e levar há uma série de erros.

E então se cria um adulto deslocado, um idoso amargo, com um sentimento de que a vida não lhe foi justa, que tudo se perdeu em meio a rotina, que nem o trabalho, nem a família, nem os amigos são capazes de lhe trazer um mínimo de prazer e que a vida não teve nenhuma realização sequer. Há um tempo certo pra tudo, eu acredito nisso, porque alguns ensinamentos, se vierem tarde demais, colocam muita coisa a perder. 

Então aos pais, principalmente os jovens e inexperientes, deixem seus filhos sentirem também o dissabor da derrota e algumas vezes descobrirem por si mesmos as formas de sair desses pequenos deslizes e armadilhas da infância e adolescência. Acreditem, essa base vai fazer toda diferença lá na frente, quando eles tiverem grandes decisões para serem tomadas e toda sabedoria adquirida ao longo do caminho será mais do que necessária. 

Há sim uma hora certa para cometer erros. Ao menos uma hora em que eles não coloquem em risco coisas fundamentais. Acertar é bom e imprescindível pro sucesso. Mas não subestimemos o valor da experiência que só é adquirida através do erro, da nova tentativa e da superação. Que não nos tirem o prazer de descobrir "Que se perder seja o melhor caminho".




segunda-feira, 13 de abril de 2015

"O Melhor de Mim"

Um filme, algumas garrafas de vinho, sushi, sobremesa e um par de grandes olhos negros - se os olhos são as janelas da alma, como dizem, certamente ali habita uma bela alma. Mascotes fofos, carinhosos e bem educados, um sofá aconchegante, um jardim japonês que inspira paz, com sons do campo e aquele barulho de água correndo que te trasporta pra longe. Uma casa, que muito além de ser bonita e belamente decorada com requinte e bom gosto, trás uma sensação de "seja bem vindo" em seus detalhes bem pensados. Livros e dvds evidenciam cultura e apego ao belo. Os bichanos bem cuidados correndo pela casa inspiram carinho e zelo. A paz, a calma e a serenidade nas palavras, gestos e detalhes demonstram auto conhecimento e confiança. As histórias, viagens e livros falam de cultura, prazer pelas descobertas, gosto pela aventura e respeito pelas coisas simples.

Aqueles olhos negros que me lembram, não sei o porque, um leve traço árabe, parecem falar e ouvir. São olhos negros profundos, que espelham uma alma que muito viveu, muito aprendeu e que muito pode ensinar. Outras vidas já viram aqueles olhos. Muitas outras vidas já viveram aqueles profundos olhos. Vidas já viram através daqueles olhos negros. Quando aqueles olhos falam sobre o passado eles brilham, e fascinam e encantam. Quando aqueles olhos ouvem sobre a vida eles parecem absorver tudo, são curiosos, atentos e compreensivos. São olhos diferentes. São olhos que veem e que ouvem...você alguma vez já viu olhos assim? Eu nunca tinha visto. São olhos diferentes. São olhos sábios. Olhos inspiradores.

Uma companhia que inspira paz. Serenidade, leveza. Uma presença que faz sentir bem, sem cobrar nada. Ela está ali e demonstra que está bem com você por perto. E você se sente bem com isso. Não precisa explicação. A simplicidade explica. A sensibilidade, aflorada por sinal, sente, compreende, entende. Acho que aqueles olhos negros que veem e que ouvem fazem ainda mais...eu acho que eles também sentem almas...e como seria diferente o mundo se nossos olhos vissem almas ao invés de corpos?...aqueles olhos veem mais que os meus...veem mais sobre mim do que eu mesmo consigo ver...

Na tela um belo filme, que fala sobre a vida e suas diversas formas de conduzir o amor, ou o amor em suas diversas formas de conduzir a vida. O filme mostrava o que ambos sabíamos; no final só o amor importa; no final só e somente o amor vai fazer sentido.

Ainda e pra finalizar, sobre aqueles belos olhos negros, começo a perceber e me perguntar...será que eles conseguem ver aquilo que eu ainda não vejo...será que eles conseguem ver " O Melhor de Mim"?

..."que teus olhos encontrem outros olhos que encontrem os teus"...
LP.




sábado, 4 de abril de 2015

Abrindo caminhos

Sentado aqui em frente ao teclado e a tela do computador, em meio a leitura de alguns artigos e textos brilhantes que falam de tudo um pouco, sobre dor, amor, felicidade e tristeza, atos de coragem, momentos de bravura em tempos de covardia generalizada, cada palavra que eu leio remete à algo que se passa em minha vida, ou sentimentos recentes ou ainda desejos futuros.

Percebo que o ditado que diz que "nenhum homem é uma ilha" é essencialmente correto mas ao mesmo tempo falho. Quanto mais eu leio e tento aprender sobre o mundo e as pessoas que fazem dele o seu lar, sobre como essas pessoas pensam e agem e principalmente reagem à vida e às pessoas ao seu redor, mais me dou conta de que meus anseios e temores são compartilhados por muitos e mesmo assim meus desejos e medos são tão únicos e tão meus. Sinto que partilho de um grande mal que aflige a todos, recebo o bem que emana de todos, mas ao mesmo tempo me sinto sozinho na missão de dar jeito na vida. Essa é uma batalha que todos encaramos, mas que poucos, ou talvez ninguém, está pronto para ser bem sucedido.

Acabo de ler sobre um indiano que realizou uma façanha que poderia ser facilmente denominada como Hercúlea, mas foi apenas um ato de amor, de coragem, movido por dor e revolta. Um homem simples e sem grandes ambições, deixou um legado através de sua obra que ajudou um número incontável de pessoas. Este velho indiano, depois de uma tragédia pessoal, direcionou sua dor e sofrimento em prol do bem de todos com quem conviveu pela vida toda e por todos que viriam ainda a nascer em seu povoado. Durante 22 anos, ele escavou uma montanha, abrindo 5 kms de rocha, apenas com um cinzel, um martelo, e seu amor incondicional pela obra que estava realizando. Durante 22 anos, esse simples homem cavou diariamente não apenas um caminho mais curto entre seu povoado e a cidade mais próxima,  dando assim acesso à hospitais e escolas e suprimentos, mas ele derrubou dezenas de quilômetros de indiferença, de descaso, de crueldade e desamor. Foi preciso um único homem doar 22 anos de sua vida por uma causa, derramando um sem fim de lágrimas e suor, para que a humanidade tivesse acesso àqueles corações e almas abandonadas. 

Há dias em que me sinto assim. Me sinto um velho escavando uma montanha. Quando penso em todo o esforço que foi preciso pra cada martelada  e quando imagino tudo que ainda será exigido, eu entendo que somente o amor será capaz de transpor essa montanha de medos e mágoas. Minha esperança é que não seja preciso 22 anos de lágrimas e suor para abrir caminho por corações tão duros como as rochas que o velho indiano encontrou na sua longa jornada de amor.

 Dashrath Manjhi, o"louco da montanha"

quarta-feira, 1 de abril de 2015

...há um tempo certo pra tudo...eles dizem..

Com o poder a mim concedido eu voz declaro....sejais livre e fazeis o que bem entender...e pé na estrada, porque como eles dizem "há um tempo certo pra tudo"...só espero que estejam realmente certos...eu confio neles, mesmo sem fazer ideia de quem sejam eles e quais sejam seus planos...não sei se eles querem que eu fique aqui plantado esperando ou se eles esperam que eu saia lá fora e ganhe o mundo e lute pelo que é meu...o problema é que eles não são claros nas suas declarações e confundem a gente aqui embaixo que já está totalmente perdido...pra não ter erro vou fazer um pouco de cada, dia sim dia não eu fico em casa ou saio pra ganhar o mundo, dia sim espero a felicidade bater na minha porta, outro dia saio porta afora e beijo a primeira boca que me mostrar os dentes sem nem mesmo pedir licença, até mesmo porque eles dizem que beijo não se pede beijo se rouba...eles realmente sabem de muita coisa ou sou eu que não sei de nada mesmo....mas eu to aprendendo, até voltei a estudar, mas só voltei porque eles dizem que nunca é tarde demais pra começar, se bem que eu acho que às vezes é tarde sim, tarde pra começar, tarde pra recomeçar e principalmente às vezes é tarde pra voltar atrás...mas como eles dizes esperança é a última que morre, mas mesmo sendo a última a morrer a coitada da esperança também morre, de fome, de sede, de desalento e pasmem, a esperança também morre de desesperança...covardia é matar a esperança...eles dizem que o melhor amigo do homem é o cão, eu já acho que o melhor amigo do homem é o álcool, ao menos é o que me dizes as garrafas de vinho aqui ao meu lado...eles dizem que o mal não compensa, mas pra quem pensa é fácil perceber que compensa sim, tem gente que faz o mal o dia todo e todo dia e tá por aí feliz da vida, rindo, isso pra mim parece uma justa recompensa por fazer o mal, sei lá, como já disse eu não entendo muito as coisas que eles dizem, até mesmo porque sempre pensei fazer o bem e olha aí a maldita confusão que me meti...eles dizem que no final só o amor importa...sobre isso eu sei que eles estão errados, poque já me provaram, tão certo quanto 2 - 2 é igual a nada, que no final qualquer coisa importa, menos o amor...o amor no final só te faz lembrar o que eles falam sobre a morte...eles falam que a morte é a única coisa certa na vida da gente...sobre isso eles estão certos...eu incluiria mais uma coisinha, coisa boba de nada....tão certo quanto a morte é o amor acompanhado da dor...eles nunca me disseram isso...isso eu aprendi sozinho...

sexta-feira, 27 de março de 2015

Mudando de assunto, "cê tá tão bonita"

Sorrisos - Os dentes brancos, perfeitamente alinhados, emoldurados por lábios finos e divinamente desenhados em perfeição. Nem mesmo um pintor renascentista dos mais renomados, em um momento de profunda inspiração, criaria tal obra prima. Lábios estes que ao expressarem sorrisos, desarmam o mais belicoso exército invasor. Mas, ao demonstrarem descontentamento, são capazes de congelar almas. A minha ainda está congelada.

Olhares - Os olhos. Um misto de azul do céu mais plácido e do verde mais profundo oceano. Quando ela me pediu pela primeira vez que cor eu achava que eram seus olhos, minha resposta foi: Indecifrável. Naquele momento senti um ar de aprovação. Mais tarde ela me confessou que essa foi a melhor definição sobre seus olhos. Então eu a corrigi. Não era sobre a cor de seus olhos que eu me referia. Indecifrável era o jeito que ela me olhava. Ainda hoje não sei o que aqueles olhares queriam dizer. Posso apenas falar sobre o impacto que me causavam. Aqueles olhos tinham o poder de me desconstruir.

Abraços - A forma exata que aqueles braços envolviam minha alma à dela sem chance de escape. O calor que emanava do corpo dela aquecia meu sangue e deliberadamente fazia meu coração entrar em descompasso. Os braços que eram telas pintadas de cores vivas e figuras diversas: Aves, flores, planetas, monstros, caveiras, fogo, ar, terra, água, palavras e poemas. Tudo isso em dois braços de menina mulher.

Suspiros - Muito mais do que eu, ela tinha o dom da palavra. Decorava com facilidade poemas brilhantes, contava histórias épicas como se tivesse presenciado cada uma delas. Tudo isso me fascinava. Mas o que me encantava de verdade eram os seus sussurros. Isso ela fazia com maestria. Este era o momento que ela incorporava todo o seu poder. Ao menos o poder que exercia sobre mim. Naquela noite fria, no quarto escuro, debaixo do edredon, pela primeira vez ela usou desse encanto. Sussurros. Apenas isso. Com sussurros ela me levou à outros mundos, me contou segredos esquecidos por mil vidas, me fechou os olhos e expandiu a mente. Com sussurros ela me falou sobre amor, sobre dor, começo, meio e fim. Com sussurros ela velou meu sono e ganhou meu coração.

No final de tarde de inverno, sol se pondo ao longe e misturando cores laranja e amarelo com o anoitecer, os lábios dela, franzidos, faziam minha alma congelar. Aquele olhar vago de quem está incomodada com algo que deveria ser evidente, mas que pra mim não faz sentido algum. De costas pra mim, braços cruzados, demonstrando um misto de desprezo e frio, ela me ignora completamente por um tempo interminável que não sei determinar. Sei que estou caminhando na corda bamba, uma linha muito tênue separa o que já foi perfeito da total ruína. Me vem a cabeça fracassos anteriores. Toda a dor e confusão que momentos como àquele já trouxeram pra minha vida. Decido ali, diante daquele pôr do sol incrível, que dessa vez, ao menos dessa vez, eu não vou perder essa mulher. Uso da mesma arma que ela tem usado durante todo esse tempo pra me cativar e me manter sobre seu domínio. Lentamente a abraço por trás, encaixo meu corpo perfeitamente ao dela. Sinto o arrepio que percorre sua espinha dorsal e faz dobrar seu pescoço encostando sua cabeça em meu peito. Aproximo minha boca ao seu ouvido, e num doce sussurro, utilizando o tom exato, pronuncio a frase da música mais brega que me vem a cabeça - "Mudando de assunto, cê tá tão bonita, que cheiro gostoso que vem de você" -  consigo perceber em seus lábios o mesmo sorriso que iluminou meu coração no dia em que a conheci. Eu também sei desarmar exércitos.

O beijo que antecede o crepúsculo é o marco que celebra o começo do que jamais terá fim.




quinta-feira, 12 de março de 2015

Você vai ser meu próximo erro

Hey você! É, você mesmo! Isso, você aí! Pessoa que eu ainda nem conheço. Você vai ser meu próximo erro. Como eu sei disso? Sei porquê sou bom em cometer erros. Eu os cometo aos montes e das mais variadas formas. Você nem imagina o quão bom eu sou em errar. E vou errar com você também, pode ter absoluta certeza. Meu primeiro erro vai acontecer mesmo antes de eu te conhecer. O desastre vai começar no exato momento em que você cruzar meu caminho e meus olhos tortos captarem tua presença. Pronto. Uma sucessão de erros em avalanche será desencadeada.

Você vai olhar pra mim e eu vou sorrir. Segundo erro. Sorrir é um erro que leva à outros e mais outros erros. Sorrir vai te tornar cúmplice. A partir desse momento, além de você se envolver com meus infinitos futuros erros, vai errar também. O sorriso é um erro que convida à errar junto. E você minha querida vai errar comigo também.

Vai errar bem na minha frente, quando se aproximar e retribuir ao meu terceiro erro que será o "olá" mais deslavado que eu conseguir arranjar. Você vai errar quando se impressionar com a minha voz. Você vai errar quando disser teu nome. Quando se sabe o nome do seu próximo erro tudo fica mais fácil de se continuar errando. Você vai errar também quando estiver longe. Você vai lembrar dos meus erros, do olhar, do sorriso bobo e do meu olá. Você vai cometer o erro de se pegar sorrindo sozinha na calada da noite na quietude do teu quarto quando lembrar do timbre que usei quando repeti o teu nome três vezes e disse que era um lindo nome. Você ainda não sabe mas nesse instante cometerá o maior erro de todos. Será o seu erro capital. Se apaixonar por mim. Um erro sem perdão. Um erro com um castigo certo.

Mas não se preocupe. Como já disse eu sou muito bom em cometer erros e vou assumir as rédeas dessa roleta russa que serão os nossos dias. Logo vai chegar o dia em que o destino vai nos ajudar a cometer erros. O maldito destino tem um senso de humor dos mais ácidos. Ele, o destino, vai nos colocar no mesmo lugar, na mesma hora, e provavelmente embalados por alguma trilha sonora "bonitinha" tipo Ed Sheeran, que vai passar a ser mais um erro, porquê encontraremos ali a música perfeita pro nosso primeiro erro definitivamente juntos. O primeiro beijo. Esse vei ser um erro dos bons. Tão bom que a gente vai errar toda vez que se encontrar e estando longe desejaremos errar de novo o mais breve possível. E quando o erro se torna desejo e o desejo se torna incontrolável o próximo nível é um erro com poder exponencial de destruição. Minha cama será o cenário do erro que vai fazer você esquecer de todos os erros anteriores e desejar um milhão de novos e desconhecidos erros comigo. O erro fatal você vai cometer na manhã seguinte, logo ao acordar, quando antes mesmo de abrir os olhos estará desejando errar. Algumas pessoas irão te dizer que é amor, ou paixão, ou sei lá o que? Lá no fundo você vai saber que é um erro. Vai saber que agora é tarde demais. Alguns erros não tem reparação. Alguns crimes não tem perdão.

Você não estará sozinha nesse tsunami de erros. Quando você tiver percebido que errou, e errou feio, eu vou estar ciente disso muito antes. Afinal sei que você será um erro desde agora. Dias, semanas, meses ou até mesmo anos antes de te conhecer. Do primeiro olhar, sorriso e beijo, da primeira noite ao primeiro amanhecer juntos, eu saberei que você é o meu erro. Todos os dias ao teu lado serão um erro.

Mas como eu já te disse garota, eu sou bom em cometer erros. Posso me intitular um especialista nisso. Sou tão bom em errar que você vai se sentir feliz com cada pequeno erro meu e seu também. E vai esperar o próximo e o próximo de novo. Vai desejar tanto os meus erros que no final das contas vai esquecer dessa carta e nem perceber mais que são erros, que eu sou um erro. E todos os erros irão se transformar em acertos. Todos os dias juntos deixarão um gostinho de perfeição na tua boca e uma pontada profunda de saudade no minuto que antecede o sono.

Então numa manhã qualquer, talvez daquele domingo preguiçoso em que combinamos ficar em casa de moletom comendo pipoca e assistindo seriado e fazendo brigadeiro, quando eu abrir meus olhos e te ver deitada ali do meu lado, eu perceba mesmo sem me convencer por inteiro que talvez você tenha me consertado. E com um sorriso meio de lado na minha cara amassada, eu olhe para o teu cabelo bagunçado, teu rosto sobre o meu travesseiro e teu corpo semi-nu enrolado nos lençóis e sinta que você foi o meu único acerto nessa vida tão errada.



sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Dá pra fazer!!!

Eu tenho mil reais....Uhulll...de onde veio (sobrou) essa grana que eu não esperava? Eu realmente não sei!!!

Nessa pindaíba que eu sempre ando, vida de vender o almoço pra comprar a janta, resolvi dar a cara a tapa e fazer a facul que venho procrastinado há meros 14 anos. Bora lá encarar esse desafio, afinal minha vida tão estagnada do jeito que anda não pode continuar. Coloquei tudo no papel, todas as despesas fixas e indispensáveis, cortei todas as coisas supérfluas, menos uma ou duas cervejinhas, e mesmo assim a coisa ficou ali num limite que não permite uma crise de tosse no mais rigoroso inverno, porque não vai ter xarope pra curar. Ou seja, sem margem para manobras arriscadas, os próximos anos serão de total e rigoroso controle de gastos.

Começo do mês fiz uma viagem com a família, gastei boa parte do que tinha reservado pra começar a pagar as mensalidades da facul, mas foi por uma excelente causa. Reunir toda a família e celebrar a formatura do meu irmão no MT. Momento que foi memorável e talvez nunca mais se repita. Mas a grana que tava ali contadinha se foi.

A grana se foi mas veio a preocupação. Cara, se estourar o pneu do carro estou ferrado. Se pintar uma cárie no dente vou ter que arrancar com o alicate. A coisa vai ser tensa. Mas como diria Paulo Coelho em seus livros: "O Universo Conspira a nosso favor", ou "Sorte de Principiante". Quer dizer que quando estamos começando um novo caminho, uma nova etapa de nossas vidas, o "universo" faz os arranjos para que comecemos com o pé direito, tudo bem arquitetado para que os primeiros passos sejam dados com entusiasmo, pra que não se corra o risco de desistir na primeira dificuldade. Talvez seja isso, realmente sorte de principiante, pois vejo que as coisas estão se ajeitando pouco a pouco pra que eu possa seguir em frente com essa decisão que tomei assumindo uma infinidade de riscos e um caminhão de dificuldades.

Quando a gente faz uma escolha, quando se toma uma decisão, é como se atirar nas águas de um rio com fortes correntezas, nunca sabemos onde essas águas vão nos levar. Sabemos apenas o que nos fez arriscar. A vontade de mudar. Quando não é mais suportável ficar parado esperando que as coisas mudem, é preciso quebrar as barreiras e as correntes. Antes de dar o primeiro passo eu via um monte de dificuldades. Já transpus várias delas, e as coisas foram se ajeitando aos poucos. Problemas que eu achava que seriam dificílimos se resolveram num piscar de olhos. Sorte de principiante eu sei. Problemas maiores surgirão. Mas quando eles chegarem serão resolvidos. O que não dá é ficar parado esperando que alguém apareça pra salvar a gente e nos tirar do lugar que estamos atolados. Um passo de cada vez. E a vida trata de apresentar as soluções que antes não víamos porque estávamos apenas nos concentrando no problema.

Dá pra fazer. Basta querer, acreditar, se emprenhar. Dá pra fazer. Decida que você quer e faça. Vai valer a pena. E se não for nada disso, é só se atirar na correnteza de novo. O que não dá é ficar parado!




quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Um traço fino

No final das contas a gente percebe que o sentido da vida é sempre evoluir. Assim como o pintor almeja a mistura perfeita das cores na tela, como o desenhista e o tatuador buscam o traço fino em sua obra de arte, todos nós buscamos, ou ao menos deveríamos, buscar a evolução.

Profissionalmente, no que me propus exercer há bastante tempo, acredito que tenho evoluído de forma lenta porém contínua e persistente. Tecnicamente posso dizer que tenho alcançado meus objetivos pouco a pouco, de novo ressalto, naquilo que me propus fazer e me empenhei em evoluir, que é comunicar, ou apresentar um programa de rádio. O resultado final do meu trabalho, o que chega aos ouvintes e anunciantes, é muito mais influenciado pelo estado de espírito do que pela técnica alcançada. E apesar da fase conturbada, sinto-me feliz em constatar que o ponto de equilíbrio entre pessoal e profissional foi alcançado de tal forma que um deixou de influenciar diretamente o outro.

Mas a busca pela evolução continua. Como um bom e apaixonado leitor, de livros, revistas, blogs e artigos, sempre fui também apaixonado por escrever. E aí está um dos pilares fundamentais da evolução. Se existe uma paixão, busque aperfeiçoar isso. A paixão por algo é o principal e talvez o grande passo pra se tornar bom em alguma coisa. Mas é preciso reconhecer suas falhas. Não é porque você é um amente de futebol, que será um bom jogador, ser apaixonado e conhecer todas as músicas de uma banda não fazem de você um bom guitarrista. Gostar de ler não me torna um bom escritor. Mas me faz acreditar que essa paixão pode e deve ser levada a sério. Então decidi buscar a evolução, mais do que necessária, na arte de escrever. Depois de 14 anos sem estudar, é hora de partir em busca de conhecimento, da técnica necessária para evoluir em mais um aspecto dessa paixão pelas palavras. Nos próximos dias começa a minha vida acadêmica. Evoluir uma paixão é evoluir uma vida toda. É hora de evoluir em busca de meu traço fino na arte da escrita.

Mas a vida exige mais que evolução técnica, mais que evolução das habilidades e dons. A vida exige uma evolução completa. Evoluir, dar o próximo passo como ser humano. Evoluir corpo, mente e espírito.

O primeiro passo pra essa evolução é o pensamento. Mudar a forma de pensar, mudar a forma de desejar, mudar a forma de sentir, mudar a forma de agir. Mudar e entender que o amor não tem nada a ver com o que sempre se achou ser amor. Que não é preciso desamar, apenas desapegar. Deixar ir é evoluir. Deixar ser livre para enfrentar e aprender com as próprias escolhas. Entender que a escolha pode sim ter sido acertada, e que o caminho para encontrar essa evolução pode sim ter que passar pela distância, pela ausência, pela falta. O amor ensina. A dor ensina. A evolução passa por aceitar que cada um tem seu caminho e mesmo estando lado a lado se caminha sozinho. Mesmo estando sozinho não se deixa de estar lado a lado.

A quem escolher caminhar ao meu lado, mesmo que trilhando sozinho seu caminho de evolução, teremos uma história a partilhar. A quem escolheu e escolhe todos os dias um caminho longe dos meus passos, mesmo que à distância, eu desejo apenas o melhor. São caminhos diferentes mas que nos levam ao mesmo objetivo, são caminhos diferentes mas nos levam ao mesmo lugar. Evoluir. De mãos dadas, ou apenas juntos em pensamento e sentimento, estamos Evoluindo.





segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Persistir e Persistir até que Cordeiros tornem-se Leões

Abre os olhos.

Entre o nascer e por do mesmo sol, você terá inúmeras chances de ser feliz e de fazer o bem. A escolha de contemplar esses belos momentos estão ao seu alcance, Todos os dias nós temos a oportunidade de nos colocarmos no caminho da beleza.

Eu decidi acordar amanhã e ver o sol nascer, e ao final da tarde vê-lo se por. E entre estes dois momentos ser o motivo do sorriso de alguém.

Chegou a hora de mudar a mim mesmo.

Ao que me trouxe a este momento derradeiro em minha vida só tenho a agradecer. Obrigado por me forçar a andar. Obrigado por me forçar a evoluir. Obrigado a me forçar a mudar. Obrigado por me tornar mais forte.

A mim cabe persistir e persistir até que Cordeiros tornem-se Leões.

A mim cabe lutar e lutar até que as coisas que me tornam pequeno me façam grande, até que as coisas que me fazem fraco me tornarem forte. E mudar o que me faz mal para que me faça bem.

Da coisas que eu perdi, das coisas que eram sagradas para mim e agora não fazem mais sentido.

Época de mudanças. Alguém se mudou. Eu mudei a mim mesmo.







quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Uma prece

Ela estava novamente deitada na minha cama. Depois de tantos meses voltou ao lugar de onde jamais deveria ter saído.

Vestia apenas uma regata amarela com a frente branca e alguns detalhes, quem sabe eram caveiras? não tenho certeza, e uma lingerie branca. Deitada de bruços e quela carinha de garota manhosa, rosto colado no meu travesseiro, olhos a me observar, olhar de canto como quem pede pra ser amada.

Eu de joelhos ao pé da cama, olhos vidrados nela. Uma imagem que nunca mais vai sair da minha cabeça.

O corpo moreno fazendo contraste à peça branca, ressaltando o bumbum mais perfeito que a natureza já esculpiu, a regata soltinha estilo moleca deixando à mostra parte dos seios perfeitamente torneados e durinhos.

As tatuagens que eu amava estavam ali, o gato, a linda flor gigante nas costas e ombro, mas agora acompanhadas por uma Pin Up toda poderosa no braço esquerdo.

Minha Deusa havia retornado ao seu altar.

Comecei então minha oração.

Uma adoração dedicada em todos os seus detalhes. Um misto de contemplação e ação.

O Paraíso estava ali à espera para ser redescoberto.

Tantos tons. Tantos sabores. Tantos perfumes. Tantas sensações.

A resposta à minha prece foi quase que imediata. Começou com sussurros baixinhos, esporádicos, começando a subir de tom e intensidade e se tornando constante. Ao final de minha reza àquela Deusa que repousava em seu santuário parecia me observar com o mesmo encantamento que eu sempre tive por ela.

Seria possível um ser supremo, uma Deusa, se fascinar por um pobre mortal como eu? Também acredito ser impossível. Mas naquele momento senti que a devoção era mútua, era recíproca. Senti naquele momento que eu poderia habitar o Monte Olimpo ao seu lado, mesmo desafiando a ira dos outros Deuses.







quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Máquina do Tempo

Nunca tive a pretensão de ser um inventor. Criatividade é um artigo que me falta. Mas nos últimos meses a coisa que eu mais queria era poder inventar uma máquina do tempo e me transportar de volta ao passado. Mas ontem isso mudou. Eu descobri que não preciso voltar no tempo pra encontrar o que deixei lá atrás. Com uma experiência intensamente vívida eu descobri que essa máquina do tempo está dentro de mim, em algum lugar que se conecta com três mecanismos extremamente complexos que eu nunca soube entender e muito menos manusear, bem aqui dentro desse corpo que habito há 30 anos. Essa máquina capaz de me teletransportar pelo tempo/espaço sem sair do lugar funciona interligando coração, mente e alma. Ontem descobri que quando essas três ferramentas estão em perfeita sincronia, o que chamamos de realidade se dissolve e é possível ingressar no desconhecido e fantástico mundo do EXTRAORDINÁRIO.

Além da perfeita sincronia entre coração, mente e alma, pra  que essa "viajem ao incrível" aconteça, é preciso um raríssimo combustível. Um composto de vários ingredientes e medidas exatas de amor, paixão, desejo, empatia, bem querer, tesão, cumplicidade e o mais importante e indispensável, alguém que esteja na mesma sincronia e com os mesmos componentes carregados em nível máximo, e totalmente disposto a embarcar nessa incrível jornada com você.

Depois de os motores serem ligados com um abraço, calibrados com lágrimas e a ignição ser acionada com beijos carregados de saudade e desejo, a máquina do tempo é capaz de em  apenas ínfimos milésimos de segundo transportar duas pessoas ao exato local e ao exato momento em que ambos sabem ser o mais perfeito já vivido.

Numa viajem no tempo/espaço perdem-se as noções de horas, de local, de sentidos e sentimentos. Durante a viagem que durou menos de duas horas couberam muitos meses, muitos beijos, muitos abraços, muitas lágrimas, muitas paixões, muitas danças, muitas conversar, muito carinho e principalmente, nesse universo paralelo em que se é possível chegar, coube o maior dos amores, a certeza do maior dos amores e a certeza da recíproca desse sentimento tão nobre e intenso.

Ontem eu aprendi que não é necessário criar uma máquina para voltar no tempo e tentar corrigir o passado. O passado não precisa ser corrigido e nem apagado, o passado precisa apenas ser uma eterna lembrança de que tudo serve para nos fazer aprender, crescer e evoluir. O passado está lá, intocável, para mostrar o que realmente tem valor no presente e vai fazer sentido no futuro.

Ontem eu percebi, com alegria, que essa máquina do tempo que carrego aqui dentro de mim será capaz de me fazer visitar o passado toda vez que eu desejar, que também vai poder me mostrar todas as coisas belas que o futuro me reserva, mas o melhor de tudo, que viajar com essa máquina representa me conectar a um coração que só eu sei ser capaz de me fazer viajar para outras vidas e outros mundos, e que mesmo agora no presente é capaz de transformar minha vida em algo EXTRAORDINÁRIO.






quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Freckels (algo se quebrou aqui dentro)

É garota...você me fez perceber que algo importante se quebrou aqui dentro de mim. Algo de grande importância, algo muito sério. Algo essencial pra se levar uma vida leve se perdeu de alguma forma de mim e não tem encontrado o caminho de volta. Você me fez ver que estou quebrado. Pelos teus olhos me vi estragado.

Tenho até comentado com meus amigos _Cara, se fosse em outra época, em qualquer outra situação, eu estaria namorando com essa garota...ela seria perfeita pra mim....se eu não estivesse assim ferrado_

Sim garota, você seria uma namorada maravilhosa...Como eu te disse todas as vezes que te vi, que te beijei e que te peguei daquele jeito que mais tarde você confessou que adorava, como sussurrei no teu ouvido logo depois de te jogar na minha cama naquela tarde de domingo no exato momento que começou a chover..._tudo em ti me atrai garota_...

...tudo em ti me atrai garota...Freckels...A personagem fodona do seriado mais fodão...Freckels Frecklels Freckles...Sardenta...muitas sardas....iguais as minhas...Ruiva...Beijada Pelo Fogo, a "Selvagem Igrid" de Game Of Throns...Ruiva....Ruiva igual minha barba vermelha...Pele branquinha...toda branquinha...um albinismo tipo "Ace todo branco fosse assim"...pele branquinha igual a minha...cultivada com todo esforço ao longo de muitos verões...só nós sabemos como é difícil se esconder do sol a todo custo...pele branquinha toda desenhada...desenhos loucos por todos os cantos...desenhos ousados...agressivos...imagem agressiva que afasta e assusta e que faz contraponto a sua personalidade...garota doce, meiga, sonhadora, encantadora...menina de uma personalidade cativante e ao mesmo tempo instigante...não te decifrei e nem cheguei perto de te entender ou te conhecer...não deu tempo...

...não deu tempo...quando pensei em dar os primeiros passos a luz de alerta acendeu. E quando essa luz no "painel" começa a piscar não tem outra alternativa, ou para no acostamento e verifica o que está errado ou vai ferrar com tudo ali na frente. E sério garota, você não sabe, mas se eu não tivesse parado, você logo saberia que eu sou expert em "ferrar com tudo" quando não estou inteiro. Não deu tempo de te conhecer, não deu tempo de decifrar teus olhares e teus sorrisos e tuas manhas. Não deu tempo de saber as coisas que te assustam e nem as que te acalmam, as coisas que te despertam sorrisos ou te levam às lágrias, o que faz teu coração sossegar ou acelerar. Mas deu tempo de te arrancar sorrisos e lágrimas, deu tempo de te ver fazer birra por besteira e também ver o brilho dos teus lindos olhos, deu tempo de fazer teu coração bater beeeeeem acelerado e quase pular pela boca e também de sentir teu coração bater calminho junto ao meu peito...Deu tempo de perceber que você é especial, que está pronta pra amar e principalmente deu pra entender que você não merece sofrer...porque é exatamente isso que acontece quando se encontra pelo caminho alguém quebrado como eu...o sofrimento é inevitável...sou testemunha viva disso...se apaixonar por alguém estragado te faria ficar exatamente como eu estou agora...e fazer isso com alguém de sã consciência seria um crime com um castigo garantido... Desculpa Freckels...mas algo se quebrou aqui dentro...algo que ainda não sei consertar...algo que também iria te estragar...





sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

“Eu ainda faço café para dois.”

A mão enrugada rasgou a última folha do calendário. Num gesto lento e pesaroso o velho pendurou ali no mesmo prego em que estava aquela última folha o novo calendário que marcaria os dias do novo ano que estava começando naquele exato momento. O antigo relógio à corda que nunca atrasou sequer um minuto desde o dia em que chegou àquela casa como presente de casamento, há mais de 60 anos, marcava 00.01. Pronto. A sua solitária missão de dizer "olá" aos próximos 365 dias estava cumprida. Já era hora de deitar e descansar os ossos. Mas antes, um último gole no café que ele havia preparado para dois.

Era um homem velho, passava longe dos 80 anos, vivia cansado, mas suas mãos continuavam firmes. Ele não recordava nenhum momento ao longo de sua vida em que percebesse o menor tremor ou fraqueza em suas mãos. Ele era um homem que as mãos jamais tremiam, seja por ódio, por dor ou desespero, medo ou cansaço. As mãos sempre foram firmes iguais as de um cirurgião. Mas naqueles primeiros minutos do novo ano que começava, suas mãos tremiam.

"Eu não gosto de café. Já te disse isso milhares de vezes! Por que você insiste ainda em fazer café para dois?"

O velho recordou a pergunta que fizera há séculos. Ao menos o tempo que se perdia em sua memória fazia sentir isso. Séculos haviam passado desde a pergunta, desde os sorrisos, desde o abraço...desde a partida dela.

"Faço café para dois na esperança de que você se sinta na obrigação de me acompanhar, se não no café, ao menos na contemplação desse momento...o único momento que tenho sua atenção só pra mim...a meia noite"

Cada palavra, cada sílaba, cada letra da resposta imediata que ele recebera ressoava em sua mente todas as meias-noites dos últimos anos... "o único momento que tenho sua atenção só pra mim...a meia noite"...
Ele ainda não sabia. Ela matinha em segredo sua doença que avançava em ritmo acelerado para um final próximo.

Se ao menos ele soubesse. O abraço teria sido mais longo. O beijo mais intenso. Talvez a noite não terminasse e não virasse apenas uma lembrança recorrente por tantas e tantas noites dos longos anos que se seguiram.

No final, depois de resistir brava e dignamente à dor, ela partiu.

O relógio na parede do hospital marcava 00.01, de um amaldiçoado 1° de janeiro.

Ele ficou. E com ele a incumbência de vigiar a chegada de todos os "novos anos" que teriam a audácia de ainda aparecer.

Todas as noites de reveillon, quando o mundo todo celebrava, o velho homem se sentava na mesa da pequena cozinha, com duas xícaras de café a sua frente. _ Pronto querida, você tem toda minha atenção, me conte como foi o seu dia?_

O café para dois esfriava sempre sem respostas, sempre em silêncio.